Nossos valores
Buscando a igualdade que nos diferencia
Individualmente, somos diferentes enquanto iguais. Coletivamente, somos iguais enquanto diferentes.
Cada um de nós possui características particulares que nos diferenciam das outras pessoas, nos tornando únicos perante os demais. Contudo, quando somos parte de um grupo, as características que nos individualizam são ofuscadas por aquelas que nos unem.
Um bom exemplo ocorre com torcedores num estádio de futebol, que se identificam e passam a ser identificados pelas cores que vestem e hinos que entoam. Juntos, passam a ser entendidos como uma unidade e até mesmo seus nomes são obliterados. Na multidão, um passa a ser simplesmente corintiano, outro palmeirense.
A identidade de uma comunidade é expressa pela forma como seus integrantes percebem-se e são percebidos enquanto conjunto. Não depende apenas da somatória de virtudes ou vícios individuais que os diferenciam, mas também dos lugares que frequentam, hábitos e tradições que compartilham, modos como se organizam, produzem e consomem.
Em outras palavras, os aspectos sociais, ambientais, culturais e econômicos são os componentes básicos que moldam a identidade comum. Quando percebidos e valorizados por todos, o público é considerado um bem comum a todos, enquanto que ao serem ignorados, este deixa de ser todos e passa a ser de ninguém.
O zelo do bem comum decorre da confiança que o esforço despendido para tal é comum a todos e respeitado por todos, independente das diferenças individuais. Tal confiança mútua está no cerne de nossos relacionamentos e é o amalgama que mantém a coesão social. Respeitamos quando somos respeitados e para sermos respeitados.
Neste cenário, a tolerância ganha espaço, pois as diferenças deixam de ser consideradas como ameaças para serem apenas características que nos particularizam. O medo frente ao desconhecido é diluído pela identidade que nos une, sendo minimizado pelos traços que nos tornam iguais.
Abre-se caminho então para a valorização da diversidade. Diferentes pontos de vista, habilidades e conhecimentos fortalecem o coletivo, que ganha versatilidade para lidar com seus desafios. A pluralidade adquirida amplia seu alcance e o enriquece culturalmente.
A autonomia que buscamos fomentar nas comunidades em que atuamos é produto desse resgate. É a confiança, em si e nos demais, que permite o ressurgimento do espírito coletivo do qual dependem nossas ações.
Nosso trabalho não é assistencial, mas colaborativo, uma vez que não nos colocamos alheios às comunidades, mas nos tornamos parte delas, nos integrando aos seus moradores e experienciando os problemas que os afligem.
Do compartilhamento das adversidades surge a centelha de nossas campanhas e consideramos ser esta a melhor forma de compreender as particularidades de cada comunidade, pois permite vivenciar diretamente não apenas os desafios, mas também as oportunidades que apresentam.
O rico conhecimento derivado dessa experiência coletiva resulta em inovação. A constante troca de ideias dá liberdade à criatividade e nos faz descobrir novas soluções para antigos problemas. Esse mesmo conhecimento é utilizado tanto na organização de nossas atividades, quanto na estruturação da infraestrutura necessária para o desenvolvimento das tecnologias que nos ajudam a atingir nossos objetivos, fundamentando assim nosso planejamento.
Mais do que solucionar problemas, inovação provoca atualização comportamental, tornando obsoletos alguns hábitos e tradições. Ao transformar-se de dentro para fora, a comunidade experimenta uma regeneração, que impacta de modo determinante sua identidade e faz florescer uma cultura mais adequada à nova percepção da realidade.
A visão de mundo balizada por tais valores parece apontar para a existência de uma desarmonia entre o indivíduo e o coletivo. Para nós, parece claro que o individualismo, intrínseco à sociedade de consumo, impacta negativamente a percepção da identidade comum, corroendo os alicerces da comunidade.
Como consequência, vemos agravar as crises sociais, econômicas e ambientais, inerentes ao sistema de produção em voga, que passam a ser permanentes, estando além das capacidades administrativas dos estados constituídos.
A Associação de Fomento à Autonomia age nessa lacuna, balanceando os quatro pilares que suportam as pequenas comunidades das quais somos partes. Embora o impacto de nossas intervenções seja restrito ao seu entorno imediato, acreditamos que a capacidade de replicação das nossas campanhas garanta alcance suficiente para que sirvam de exemplo, nos possibilitando um convívio melhor.
É por esta perspectiva que pautamos nossa atuação.