Operação Delfos

Conhecendo nossa comunidade

Operação Delfos

Coordenação: Núcleo Ambiental e Núcleo Social


Conheça a ti mesmo

Apesar da proximidade com a maior e mais rica cidade de todo o hemisfério sul, podemos afirmar que, em pleno século XXI, o Vale do Ribeira permanece desconhecido em muitos aspectos.

Se, por um lado, a possibilidade de descobertas científicas relevantes estimula a realização de expedições exploratórias em suas misteriosas matas, por outro, a falta de dados sobre como vivem seus habitantes dificulta o planejamento que faz-se necessário para que possam prosperar.

Tais circunstâncias levaram os núcleos Ambiental e Social da AFA a unir esforços através da Operação Delfos, que tem por objetivo aprofundar o conhecimento sobre a região.

O produto deste trabalho é uma base de dados georreferenciada, que permite uma visualização mais clara e abrangente das forças que ditam a dinâmica socioambiental deste território, facilitando o planejamento de futuras ações.

Fungo do gênero Inonotus, família Hymenochaetaceae, no parque Intervales

Viva como as comunidades e a natureza que a alimentam de informações, esta base de dados está sempre em mutação, sendo ampliada e atualizada continuamente, para acompanhar os desdobramentos das interações de seus habitantes e destes com o meio ambiente natural.

Resumo do que já sabemos

O Vale do Ribeira é verdadeiramente uma terra de contrastes. A rica biodiversidade concentrada no Continuum Ecológico de Paranapiacaba, maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil, se contrapõe à pobreza dos habitantes da região, que ocupa o último lugar no ranking de desenvolvimento humano do estado.

As características peculiares do relevo da região, permitiram uma concentração extraordinária de biodiversidade, realçando a exuberância da Mata Atlântica

Essa situação é ainda mais crítica em seu setor noroeste, onde encontram-se as comunidades Saibadela, Guapiruvu, Edel e Rio Preto, dentre outras. Nesses bairros, mais distantes da centralidade do Vale, o isolamento econômico eleva a pressão sobre o meio ambiente, que sofre com a ação de extrativistas clandestinos que praticam diversas ilegalidades, inclusive no interior dos parques estaduais.

Caça, captura de animais silvestres, garimpo, corte de árvores pela madeira e da palmeira juçara pelo palmito fazem parte do dia-a-dia da região, figurando em uma triste e longa lista de ocorrências registradas pela 2ª companhia do 3º batalhão da polícia ambiental.

Cobra-Cipó-Marron (Chironius Quadricarinatus) flagrada no parque Intervales

Apesar da pressão socioeconômica, a Mata Atlântica no Vale apresenta um bom estado de preservação, tendo a maioria de seus remanescentes protegida por diferentes unidades de conservação. Além dos parques estaduais da Ilha do Cardoso, Campina do Encantado e das Estações Ecológicas Chauás e Juréia-Itatins, dois grandes mosaicos foram formados para garantir a unidade da área preservada.

O primeiro é o Mosaico de Unidades de Conservação do Continuum de Paranapiacaba, formado pela Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar, pelos parques estaduais Intervales, Carlos Botelho, Turístico do Alto Ribeira e Nascentes do Alto Paranapanema, além da Estação Ecológica Xitué.

O segundo é o Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga, formado pelas áreas de proteção ambiental de Cajati, Planalto do Turvo, Quilombos do Médio Ribeira, Rio Pardinho e Rio Vermelho, pelos parques estaduais da Caverna do Diabo, Rio Turvo e Lagamar de Cananeia, pelas reservas de desenvolvimento sustentável Barreiro/Anhemas, Quilombos de Barra do Turvo, Pinheirinhos, Lavras, Itapanhapima e pelas reservas extrativistas do Taquari e Ilha do Tumba.

Embora fora dos limites do Vale, a Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, o Parque Nacional do Superagui e os parques estaduais da Serra do Mar e Jurupará completam o grupo de unidades de conservação que ajudam a proteger a preciosa biodiversidade local.

Contudo, mesmo cercado por 12 parques, são poucos os acessos bem estruturados para recepção de visitantes, fato que anula o enorme potencial turístico da região. Como resultado, a economia da região desenvolve-se com dificuldade, tendo a produção agrícola e a mineração como principais atividades e a banana como principal produto, com destaque para a pupunha, que cresce rapidamente na esteira deixada pela extração ilegal de palmito da Juçara.

Aos poucos, os palmitais vão substituindo a floresta nativa na paisagem
Parametrizando ações e atividades

O cerne desta operação é levantar e monitorar dados socioambientais da região, sem os quais a avaliação do resultado de nosso trabalho limita-se à subjetividade advinda da percepção dos agentes envolvidos.

Ao mesmo tempo, a análise dos dados permite um melhor direcionamento e aperfeiçoamento das ações e atividades realizadas, sendo fundamental para o planejamento de nossa atuação e adaptação das estratégias adotadas de modo mais ágil.

Antiga escola de Saibadela, que permanece fechada a mais de 10 anos

Como não poderia deixar de ser, neste primeiro momento nós estamos levantando dados mais precisos sobre Saibadela, nossa comunidade piloto, e os bairros de seu entorno imediato, que exercem influência direta sobre ela.

Ao mesmo tempo, é necessário esmiuçar os dados gerais fornecidos por órgãos governamentais, supranacionais e pesquisas acadêmicas, para compreendermos os fatores que influenciam o dia-a-dia da comunidade.

Abordando a mesma questão por seus extremos, indo do micro para o macro e simultaneamente deste para aquele, estabelecemos uma matriz de dados composta por várias camadas, que servirá de referência para diferentes abordagens.

A estrutura dessa matriz está apoiada em quatro conjuntos de parâmetros fundamentais. O primeiro é o índice de desenvolvimento humano (IDH), métrica criada em 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), amplamente utilizada para análise de indicadores sociais.

O segundo conjunto é o utilizado para mensuração do índice de desempenho ambiental (EPI-Environmental Performance Index), método criado pelo Centro de Política e Lei Ambiental da Universidade de Yale para quantificar e classificar numericamente o desempenho ambiental de um território.

O terceiro é o índice de felicidade interna bruta (GNH-Gross National Happiness), adotado como diretriz governamental pelo Reino do Butão a partir de meados da década de 1970 e promovido pela ONU como ferramenta de análise da felicidade e bem estar de populações.

Mosteiro de Takshang, no Butão, fotografado por integrante da AFA durante participação no 1º workshop “GNH in business”, realizado pelo GNH Centre em 2015

O quarto conjunto de parâmetros é o adotado pela organização europeia Economy for the Common Good (ECG), que vem desenvolvendo um modelo econômico baseado em ranking de responsabilidade socioambiental próprio, que prioriza a contratação de empresas comprovadamente responsáveis em licitações públicas.

Definindo métricas

A partir destas quatro referências, estamos desenvolvendo nossa própria matriz de dados, adaptada à realidade dos pequenos bairros rurais. Esta será a principal ferramenta para monitoramento do desempenho das ações realizadas pela AFA e do próprio impacto das atividades praticadas pelas comunidades.

Tal monitoramento será realizado através de relatórios periódicos, que apresentarão a evolução dos indicadores em função do tempo, tendo como referência o marco zero estabelecido para cada comunidade, correspondente à data da compilação dos dados mínimos necessários para o início da aferição.

Para balizar a evolução do processo, outros marcos serão definidos como alvos a serem atingidos em prazos determinados. Estes serão designados em conformidade com os objetivos e metas de desenvolvimento sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU em sua Agenda 2030, que norteiam a atuação da AFA.

Responsabilidade compartilhada

Por fim, o envolvimento ativo das comunidades no processo é crucial para o sucesso de nosso trabalho, pois elas que ditam o ritmo das ações propostas e delas emanam as diretrizes para nossos projetos, não apenas os relacionados à esta operação, mas todos aqueles desenvolvidos pela AFA.

Neste sentido, buscamos o engajamento de todos os integrantes da comunidade, respeitando as limitações de cada um e abrindo espaço para que possam agir e se expressar livremente, além de compartilhar didaticamente os resultados de nossas análises.

Em Saibadela, contamos com a colaboração da associação de moradores local, que é por excelência o fórum de discussão permanente do bairro.

Aos poucos, essa relação de parceria vai ganhando força, mesmo com os empecilhos causados pela pandemia, que forçou a suspenção das atividades presenciais e gerou atrasos inevitáveis.

Nossas ações mais bem sucedidas são aquelas que engajam toda comunidade

Sabemos que a distância que dificulta nossas vidas é absolutamente necessária, porém, também sabemos que é momentânea e logo passará. Esta pausa inesperada, permite a reflexão sobre este momento tão triste para tantas famílias, mas que pode ser o ponto de inflexão do nosso comportamento, alterando a forma como nos relacionamos uns com os outros e com o planeta.

Principais ODS/ONU abordados
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