Operação Arquimedes

Alavancando a microeconomia local

Operação Arquimedes

Coordenação: Núcleo Econômico


Vocação natural

Detentor de um dos maiores índices de biodiversidade do mundo, o Vale do Ribeira é um lugar especial.

Cercado por diversos parques, estações ecológicas e áreas de proteção ambiental, manteve-se em relativo isolamento mesmo após a implantação da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), que liga o sul do Brasil à cidade de São Paulo.

No litoral, o estuário de Cananéia e Iguape com seu mosaico de Ilhas, criam paisagens variadas, como o costão plano e linear repleto de dunas na Ilha Comprida, os maciços da Juréia, ao norte, e da Ilha do Cardoso, ao sul, além do lagamar de praias salobras do Mar Pequeno, lar dos botos cinzas e verdadeiro santuário marinho.

Mar Pequeno, lagamar que separa a Ilha comprida do continente e integra o Estuário de Cananéia e Iguape. Este é o lar do Boto-cinza, espécie ameaçada de extinção

Longe da costa, o Continuum Ecológico de Paranapiacaba se destaca na paisagem, num dos pontos onde a Megafalha Tectônica de Cubatão apresenta grande complexidade geológica. Nele estão protegidos um grande complexo de cavernas e inúmeras espécies animais e vegetais, naquele que é considerado o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica.

Cidades outrora importantes na história brasileira, entre elas Cananéia, que recentemente passou a ser considerada a primeira vila do Brasil, Registro e Iguape, cujo porto teve grande importância até o século XIX, preservam seus casarios do período colonial, bem como festas e tradições do passado.

Afastadas das cidades, Aldeias e Quilombos batalham para preservar suas identidades e modos de vida tradicionais, juntando-se às populações ribeirinhas na busca pela superação do isolamento e melhora das condições sociais.

Dentre estas comunidades, encontra-se Saibadela, pequeno bairro rural de Sete Barras, município paulista com pouco mais de 12.000 habitantes.

Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape, localizada em seu centro histórico

Localizado no sopé do Continuum Ecológico de Paranapiacaba, num dos pontos que mais avançam no interior da floresta, Saibadela tem como ilustres vizinhos a Aldeia Guarani Peguao’ty e os parques estaduais, Carlos Botelho e Intervales, este último possuindo duas bases de vigilância acessadas a partir do bairro.

Paisagem característica de Saibadela: Muita natureza ao longo do vale circundado de montanhas, com presença marcante dos rios Saibadela e do Quilombo.

A comunidade é caracterizada por uma pequena centralidade em torno da antiga escola, desativa há mais de 10 anos, apresentando uma pequena concentração de moradias às margens do encontro dos rios Saibadela e do Quilombo.

Uma atividade incipiente

Embora o potencial turístico seja enorme, Saibadela não conta com hospedagens e dispõe de alguns poucos monitores ambientais, autorizados pela administração do parque à acompanhar os eventuais visitantes que desejam conhecer suas belezas naturais.

A grande quantidade de aves torna Saibadela um hotspot para birdwatching

Alguns fatores ajudam a entender os motivos que impedem que o turismo seja desenvolvido com maior intensidade na região.

O principal deles é a ausência de um centro de visitantes, que exerça o papel de porta de entrada oficial dos parques, disponibilizando estrutura mínima para visitação.

Em segundo lugar, apesar de existir uma extensa rede de trilhas, esta é utilizada apenas para rondas da equipe de vigilância e precisa ser reestruturada para fins turísticos.

Por fim, a comunidade está no grupo que detém o pior IDH do estado, sem perspectivas de melhora econômica que viabilize investimentos.

Como resultado, o ecoturismo limita-se a poucos visitantes esporádicos e só continua existindo graças aos inesgotáveis esforços de seus monitores ambientais, dentre eles Jéssica Pereira e Jefferson Domingues, que seguem trabalhando apesar das adversidades.

Degradação ambiental, a maior ameaça

A maior ameaça ao crescimento do ecoturismo em Saibadela é a degradação ambiental causada pelo avanço do desmatamento e o crescimento de práticas ilegais no interior da floresta, sobretudo a intensificação do garimpo clandestino.

A ampliação dos palmitais, que assim como os bananais existentes na região recebem grandes quantidades de herbicidas e fertilizantes, causam a contaminação do solo, do lençol freático e corpos d’água, erosão e assoreamento de rios e córregos. Mais do que isso, promove a derrubada da floresta, fragmentando e isolando os remanescentes e interrompendo os corredores naturais.

Área recém desmatada para plantio de pupunha: a degradação ambiental causada pela expansão dos palmitais sobre a floresta também prejudica o ecoturismo

Outro problema é a não preservação das áreas de proteção permanente (APPs) ao longo das matas ciliares e áreas de inclinação acentuada, que causam erosão, deslizamento de encostas e assoreamento de rios e córregos.

Em relação às atividades ilegais realizadas na região, inclusive no interior dos parques, registram-se a caça e captura de animais silvestres para venda, extração de palmito e madeira, com destaque para o garimpo clandestino, que recentemente levou à morte do guarda-parque Damião Cristino de Carvalho Júnior

Sem dúvida, as atividades ilegais colocam em risco a presença dos visitantes, contudo, a intensificação do turismo contribui duplamente para sua redução, ao inibir a ação dos invasores e oferecer-lhes uma alternativa através da criação de empregos, uma vez que muitos só atuam na clandestinidade pois não possuem outros meios para sobreviver.

Demanda por infraestrutura

Tendo plena ciência dos desafios à frente, a partir do nosso Programa de Diversificação Econômica de Saibadela, lançamos a Operação Arquimedes, com o intuito de alavancar a economia local através do ecoturismo de base comunitária.

Para tanto, uma série de melhorias em infraestrutura deverão ser realizadas para que a atividade possa florescer. Em primeiro lugar, iremos construir o Centro de Visitantes Rio do Quilombo, que será a base de apoio e ponto de partida das trilhas, que serão reestruturadas gradualmente.

A primeira trilha de fiscalização a ser adaptada para o turismo é a que dá acesso à imponente Cachoeira do Quilombo, cuja campanha já foi lançada e deverá ser concluída até o final de 2021, cabendo a ressalva que atrasos poderão ocorrer por conta dos desdobramentos da pandemia.

Paralelamente, daremos apoio às famílias que pretendem hospedar visitantes em suas propriedades, convertendo suas casas em guest houses ou criando áreas de camping.

A seguir, melhorias na via de terra que dá acesso ao bairro e a implantação de um centro comunitário, com terminal de ônibus, antena de telecomunicações e posto de saúde, complementarão a rede de serviços turísticos.

Camping é uma alternativa de hospedagem prática e barata de ser implantada

Para acelerar o processo, a Associação de Fomento à Autonomia criou o LabNox, seu laboratório de inovação social e sustentabilidade, que terá a missão de dar apoio às inúmeras ações que serão realizadas, além de promover cursos, oficinas, palestras, festas e exposições, atrativos complementares que ajudarão a atrair aventureiros e a divulgar o trabalho realizado.

Outra função do LabNox será capacitar a comunidade para que possa recepcionar bem os futuros visitantes. Também terá um papel fundamental no acompanhamento cotidiano de seus indivíduos, buscando diagnosticar e solucionar problemas conjuntamente, despertando o espírito coletivo que acreditamos ser necessário para que haja sucesso.

Ações contra a gentrificação

Contudo, apesar dos benefícios, um novo desafio se apresentará assim que a Operação estiver em curso, pois as melhorias que valorizarão a região e atrairão visitantes, também poderão atrair oportunistas dando início a um processo análogo à gentrificação.

Casos do tipo estão sendo registrados em contextos parecidos, nos quais a valorização do entorno de parques naturais resultam em especulação imobiliária que exerce pressão sobre a comunidade. Um exemplo bem documentado deste processo é o caso de Conceição de Ibitipoca, que gradualmente vê seus antigos moradores vendendo suas propriedades por valores irrisórios.

Nos sentimos responsáveis pelas mudanças em curso e entendemos que temos a obrigação de orientar a comunidade sobre o real valor do lugar onde vivem. Dessa forma, estamos realizando diversas ações de conscientização para mitigar os efeitos da inevitável pressão que estarão sujeitos.

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